Os Invisíveis: Ana Paula trabalha nas ruas de Alcântara vendendo chips
- 29/11/2019
Ela conheceu o seu atual parceiro enquanto trabalhava
“Chip da Vivo, da Claro, da Tim e da Oi”, essa é uma das frases mais escutadas nos grandes centros urbanos. Todo dia centenas de homens e, em sua maioria mulheres, tentam vender chips de operadoras nas ruas. São pessoas que passam despercebidas na correria do dia a dia mas que também levam para casa, todos os dias, xingamentos e olhares atravessados, apenas por estarem ali. A quarta personagem da série Os Invisíveis é a Ana Carolina Lucia, de 31 anos, mais uma gonçalense que assim como os outros três personagens dos episódios anteriores, precisa lutar para conquistar o seu espaço.
O trabalho de vender chip na rua começou quando Ana Carolina se viu desempregada e precisando ter alguma renda no final do mês. “Uma amiga viu que eu estava precisando e me indicou para trabalhar nisso e como eu estava desesperada acabei aceitando”, diz ela que já está há mais de 1 ano indo às ruas cumprir com o seu trabalho de tentar vender chips.
O começo não foi fácil para a moça, que precisou passar por cima da sua vergonha para conseguir oferecer o produto às pessoas. “Todo mundo comenta desse trabalho, diz que a gente grita demais e que isso incomoda, no começo eu confesso que não consegui fazer o que tinha que fazer direito pois eu pensava nessas pessoas”, confessa ela.
Um ano se passou e desde então Ana percebeu que estar ali ia muito além do incômodo ao próximo, mas sim uma certa invisibilidade e total descaso. “O que mais vi e vejo, todos os dias, são pessoas que passam como se nem estivéssemos ali sabe”, diz ela que para driblar a exclusão pensa nos seus sonhos e projetos que deseja realizar.
Atrás da voz que por muitas vezes é considerada irritante, há uma força incansável que faz com que Ana Carolina continue lutando dia após dia. “Eu tenho meu marido e meu cachorro que moram comigo, tenho despesas e contas para pagar, não é fácil mas eu também não sinto vergonha de estar onde eu estou e eu tenho pretensão de continuar nesse trabalho sim”, diz a moça, que ao mencionar sua família disse que conheceu o marido através do seu trabalho.
“Na época que trabalhava no terminal de Niterói eu conheci o meu atual marido. Eu estava no horário de trabalho e ele ficou olhando para mim, aí não deu outra”, conta ela rindo, lembrando do dia. “Engatamos um namoro e quando eu pergunto se ele sente vergonha de mim pelo que eu faço, ele diz que não”, diz ela que depois de quase 1 ano consegue lembrar perfeitamente do momento.
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Thalita Queiroz*